0 Apaixonado 4: Um tipo raro (e muito esquisito)

Sou amigo de quatro caras desde que me conheço por gente. Com eles vivi todas as coisas possíveis como acreditar no papai noel, brincar de carrinho, rancar cabeças de bonecas, ver a primeira revista de mulher pelada, primeiro tombo no skate, primeiro filme pornô, primeira bebedeira e todas essas coisas que significam que estamos crescendo. A pouco tempo eu sinto que algo mudou, e eu não sei muito bem quando isso aconteceu. Quer dizer , eu sei sim. Algumas coisas mudaram de ordem e viraram um caos quando as garotas, aqueles seres que nos achavam nojentos no jardim de infância se tornaram garotas lindas com um sorriso marcante e lábios bem delineados e começaram a nos deixar bobos a partir de um simples "Oi, tudo bem?". E pronto, fudeu amigo. Quando cai na real já é tarde e voce está apaixonado. E é a partir de agora que existem diferenças nítidas em nós quatro que fomos iguais até certo ponto... Eu sou alguém que curte a área de exatas e ama lógicas, coisas organizadas e bem separadas, números e dados. Mas tá, ok... Ninguém se importa com o que eu gosto, mas é só pra falar que juntando esse meu amor para entender toda essa complexidade em " estar apaixonado" que eu observei meu grupo e defini "Os quatro tipos de apaixonados "
  Mas enfim, voltando a história dos 4 garotos pervertidos... A Juliana é um nome marcante entre nós, ela separa e volta para o Júlio sempre mas um nunca esquece o outro e quando eles brigam eu nem dou ideia, o amor tem essa coisa de ser persistente e eles sempre voltam na manhã seguinte. O Júlio se tornou um cara mais otimista, calmo e é daquele tipo de namorado que anda de mãos dadas, manda carta, dá flores, chocolates e para de seguir outras garotas no instagram, facebook e etc para evitar possíveis crises de ciúmes. E o Júlio é o tipo de "Apaixonado 1", aquela pessoa feliz, que se sente completa ao lado do outro e que diz "Eu te amo" sem medir as consequências, aquele que briga, expõe suas lágrimas hetero, mas que sempre sempre sempre deixa o orgulho de lado e volta a para o "Eu te amo" sem medir as consequências. O amor funciona como um ciclo, mas vale muito a pena.
O tipo 2 é o Gilberto, pobre Gilberto... Recém coração partido pela Marcela (amiga da Juliana, aliás) e o pior de tudo é que mesmo que ele esconda e finja estar bem qualquer um sabe que não... Seus poemas no fim do caderno e seu mau humor refletem tudo que ele sente. Sua angústia e a vontade de que tudo isso passe logo tbm é explícita em tudo que ele fala. Eu odeio saber que ele está assim e saber que eu também não posso fazer nada, a verdade é que só o tempo cura, mas é uma merda esperar que esse tempo chegue! E agora vem o meu favorito! Apaixonado nível 3, vulgo Ricardo! O Rick é aquele cara que ama todas ao mesmo tempo, que sai, se diverte loucamente e cada dia tá com uma garota mais gata! Esse é o apaixonado pela vida, ele exala liberdade e um certo tipo de alegria de dar inveja a qualquer um.. Eu admiro demais esse cara e um dia vou ser que nem ele.
Ah, e agora vem eu... O tão sem graça, sem nome, sem sentido: "Apaixonado tipo 4". O que acontece é que eu nunca vou escrever um texto de amor lindo que nem o Júlio, nem algum drama que arranque lágrimas que nem o Gil e muito menos vou sair por aí beijando muitas bocas e me sentindo bem com isso! Imagina uma escada de 100 graus, pois é, eu estou no 50. Eu sou o meio do caminho, sou o equilíbrio, a incerteza, a confusão dançando com o caos. Entrei em um estado de estagnação em que sentimento não entra mas também não sai, eu vivo bem mas parece que tudo virou um jogo. E aliás, do que brincaremos essa semana? De fingir que não se importa ou de tentar esquecer? Lembro daquela jogada das férias em que vc fala "saudades" e depois volta a ser aquela ex fria. Ah essa jogada... Xeque mate!Que destruição fez comigo em? Mas calma aí amiga, foi só uma queda, e eu levanto rapidinho. Por que não jogamos de novo? Isso nunca acaba mesmo.
A verdade é que cheguei ao limite da história gosto-de-voce-mas-nao-vamos-admitir-porque-somos-otarios-com-medo-de-serem-felizes e a bomba já explodiu tanto que os destroços nem me atingem mais. Sinto que todo mundo já cansou de me ouvir na mesma intensidade que eu cansei de  falar e que eu ainda sinto um apertinho no peito quando falam o nome "Lúcia", que nas madrugadas frias o sentimento faz questão de gritar "Olá, eu ainda estou aqui. Lembra de mim?" e eu o ignoro com mais um gole de café forte e um texto inútil como esse. Encontrei uma certa beleza na solidão que nem sei explicar, talvez eu tenha apenas acostumado, mas eu estou feliz e também triste por confessar que vivo bem mas esse efeito "veneno de cobra", onde o que te machuca também te faz é inevitável e que eu dou pulinhos de felicidade quando a Luci aparece do nada e que por mais que eu pensava ter desmatado todas as esperanças dentro de mim, elas sempre aparecem, por mais tímidas e pequenas elas estão lá fazendo gritinhos de torcida e levantando pompons.
A minha situação é bem hilária. Eu já fui Ric, já fui Júlio e até Gil, mas hoje em dia eu vivo interpretandoo falas, tirando conclusões precipitadas e o meu humor será sempre um mistério, mas mesmo com tudo isso, eu me sinto inabalável e tenho certeza que se for pra acontecer, vai acontecer e se for pra mim esquecer de vez, eu vou superar. Parado nada fica, nunca.

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